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28 abril 2008

Em defesa do analógico.

Não sei se por minha criação interiorana, ou por minha mania de sonhar, prefiro o analógico. Não consigo me acostumar com essa coisa de digital, virtual. Sei que o computador trouxe grandes mudanças e transformações, no entanto a capacidade de adaptação humana não é tão intensa como imaginávamos. Vivemos em um mundo em que o que é de verdade está sendo substituído pelo que é virtual.

Não é de nos admirar que os números de pessoas que se suicidam, que entram em depressão, ou que adquire uma doença psicossomática aumentem. O toque foi substituído pelo “abraços” no fim de e-mails ou recados no orkut. Não é necessário mais o ato, basta dizermos beijos e a pessoa obrigatoriamente tem de se considerar beijada.

Cada vez mais nos fechamos em um mundo tão limitado quanto à tela do computador.
Perdemos a noção do que seria uma ferramenta. O computador, teoricamente, é uma ferramenta que auxilia o homem a realizar certas ações, mais rápido e com maior precisão. No entanto o homem o transformou em algo sem precedentes, transferiu para a máquina o poder de pensar, de agir, de sonhar.

Podemos viver os sonhos dos outros, nos vestir como os outros se vestem, mas efetivamente não podemos ser nós mesmos. Nus e cruéis.

O absurdo é tamanho que até o sexo passou a ser virtual. Parece até piada, mas o fato é que nos tornamos tão egoístas que só o nosso prazer importa. Não que o computador seja o culpado, a responsabilidade é e sempre será do ser ao qual chamamos humano.
Sei que o digital tem algumas vantagens, mas fico com o prazer da tradição do analógico, mesmo que seja primitivo. Que importa? Há evoluções que cabem somente aos que ainda não evoluíram nada...

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu prefito o digital, mas com moderação. Nada de superlativizá-lo demais, se fugir ao controle, há algo de errado. òtimo texto, traduz a sua personalidade.

Anônimo disse...

Michel, respire fundo e conte até 12! Repito o que escrevi no meu site: o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, no livro "Amor líquido", diz o seguinte: "[...] assim é numa cultura consumista como a nossa, que favorece o produto pronto para uso imediato, o prazer passageiro, a satisfação instantânea, resultados que não exijam esforços prolongados, receitas testadas, garantias de seguro total e devolução do dinheiro" (p. 21). Nem tenho mais fôlego para comentar... beijos